O forró, tradicionalmente reconhecido como o gênero oficial dos festejos juninos, vem perdendo espaço para outros estilos musicais, especialmente o arrocha, nas festas de São João realizadas na Bahia. Dados divulgados neste domingo (1º), pelo Painel de Transparência dos Festejos Juninos, do Ministério Público da Bahia (MP-BA), mostram uma queda expressiva na presença de atrações forrozeiras entre os artistas mais contratados em 2025.
Das dez atrações mais requisitadas para os eventos juninos no estado, apenas três são de forró: Batista Lima, Mastruz com Leite e Calcinha Preta. As outras sete são todas representantes do arrocha, consolidando um cenário de desequilíbrio na programação musical das festas tradicionais.
A liderança do ranking de contratações ficou com a banda Toque Dez, que fará 39 apresentações e deve faturar R$ 11,2 milhões. Em seguida, aparecem Tayrone (23 shows, R$ 6,5 mi) e Devinho Novaes (22 apresentações, R$ 4,5 mi). Entre os representantes do forró, o destaque é Batista Lima, com 19 apresentações e cachê total de R$ 3,4 milhões.
Toque Dez – 39 shows (R$ 11,2 milhões);
Tayrone – 23 shows (R$ 6,5 milhões);
Devinho Novaes – 22 shows (R$ 4,5 milhões);
Batista Lima – 19 shows (R$ 3,4 milhões);
Silfarley – 19 shows (R$ 3,5 milhões)
Mastruz com Leite – 17 shows (R$ 3,8 milhões);
Unha Pintada – 17 shows (R$ 5,6 milhões);
Natanzinho Lima – 16 shows (R$ 9 milhões);
Thiago Aquino – 16 shows (R$ 4,4 milhões);
Calcinha Preta – 14 shows (R$ 6,8 milhões).
Em 2024, o panorama foi um pouco mais equilibrado. Toque Dez também liderou o ranking com 44 apresentações e faturamento de R$ 7 milhões. Na ocasião, o número de artistas de forró entre os dez mais contratados empatava com o arrocha: cinco de cada gênero.
Questionado pelo Portal A TARDE sobre a supremacia do arrocha nas festas juninas, o cantor Adelmário Coelho, ícone do forró nordestino, defendeu a convivência entre os gêneros musicais, mas alertou para a falta de equilíbrio nas contratações.
“Não tenho nada contra o arrocha, sertanejo, pop ou rock. Mas o São João é, antes de tudo, forró. O problema não é misturar, é a dosagem. Tem que ser 90% forró. A resposta está na boca do povo”, afirmou o artista.
Adelmário também destacou que não se trata de desvalorização do gênero, mas sim de uma resposta às dinâmicas do mercado, que induzem gestores e contratantes a priorizarem atrações que garantam maior apelo de público.
“Todo gestor deve ter o cuidado e a dosimetria adequada ao contratar atrações para festas tradicionalmente de forró. Não se pode esquecer da responsabilidade cultural que essa festa carrega”, completou.
Até o momento, 362 dos 417 municípios baianos informaram ao Ministério Público os gastos com festas juninas. Foram registradas a contratação de 1.020 artistas, com valor total de R$ 357 milhões.
O Painel de Transparência dos Festejos Juninos é uma iniciativa do MP-BA em parceria com o TCE, TCM, UPB, UFBA, Sebrae-BA, entre outras entidades, com o objetivo de promover transparência na aplicação de recursos públicos voltados à cultura e ao turismo. A participação dos municípios é voluntária, e os que aderem recebem um selo de boas práticas de governança.
O prazo para envio das informações, que se encerraria em 31 de maio, foi prorrogado até a próxima sexta-feira (6). A ferramenta monitora gastos com festas realizadas entre 1º de maio e 30 de julho.
Com informações do Portal A Tarde.
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