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Correios acumulam prejuízo bilionário e presidente prepara saída em meio a impasse sobre reestruturação

Mesmo com monopólio em parte dos serviços postais, estatal amarga prejuízo de R$ 2,6 bilhões; corte de agências e demissões estão no horizonte

02/07/2025 17h36
Por: F. Silva Fonte: Com informações do Bahia Notícias
Correios acumulam prejuízo bilionário e presidente prepara saída em meio a impasse sobre reestruturação

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, deve deixar o comando da estatal nos próximos dias. De acordo com informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Fabiano já redigiu uma carta de renúncia que será encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Seu mandato se encerra em agosto, e sua permanência no cargo dependeria de recondução por parte do governo federal.

A saída ocorre em um momento delicado para os Correios, que fecharam o último ano com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões — um resultado difícil de justificar para uma empresa que, até pouco tempo, detinha praticamente o monopólio dos serviços postais no país. O rombo fiscal reacende o debate sobre má gestão, ineficiência e interferências políticas dentro da estatal.

A Casa Civil, liderada pelo ministro Rui Costa, pressiona por uma ampla reestruturação da empresa, que incluiria o fechamento de agências e cortes de pessoal.

O plano em análise prevê a ampliação do Plano de Demissão Voluntária (PDV), já em curso, com a meta de desligar cerca de 4 mil funcionários. Além disso, outras 8 a 10 mil vagas podem ser extintas com o encerramento de unidades físicas. A expectativa é economizar até R$ 1 bilhão, além dos R$ 800 milhões já previstos com o PDV.

Fabiano tem resistido à adoção das medidas mais severas, alegando que o enxugamento pode comprometer projetos sociais da estatal. No Rio de Janeiro, por exemplo, mais de 50 comunidades foram beneficiadas recentemente com a abertura de agências em áreas vulneráveis — ações que, segundo ele, também têm impacto na cidadania e inclusão.

Apesar disso, o discurso oficial da Casa Civil tenta suavizar a pressão. A assessoria do ministro Rui Costa afirma que ele não defende demissões em massa, e que a sua orientação seria pela "racionalização de gastos", embora os números da proposta digam o contrário.

Internamente, os Correios vivem também uma disputa política por cargos e influência entre partidos da base aliada do governo. Mesmo enfrentando sérias dificuldades financeiras, a empresa conseguiu um empréstimo junto ao Banco dos Brics e planeja investir R$ 5 bilhões nos próximos anos — uma aposta ousada em meio a um cenário de desequilíbrio.

Parte do prejuízo mais recente tem sido atribuída à chamada “taxa das blusinhas”, medida que alterou as regras de importação de compras internacionais e reduziu significativamente o volume de encomendas processadas pela empresa. Ainda assim, críticos apontam que a dependência excessiva desse tipo de operação escancara o despreparo da estatal para lidar com transformações no mercado.

Da redação do 40 Graus.

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