O terremoto mais mortal da história de Mianmar atingiu o país na sexta-feira (28), com magnitude de 7,7, causando destruição generalizada e agravando a fragilidade de uma nação já assolada por uma guerra civil e pelo isolamento internacional. Os números oficiais, divulgados pela mídia estatal até este domingo (30), contabilizam pelo menos 1,7 mil mortos e 3,4 mil feridos, enquanto o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), emitiu um alerta vermelho, estimando que o total de vítimas fatais possa ultrapassar 10 mil.
A capital Naypyitaw teve a torre de controle do aeroporto destruída, dificultando o transporte de ajuda humanitária. Em Mandalay, a segunda maior cidade do país, sobreviventes reviraram os escombros com as próprias mãos em busca de vítimas, diante da demora das equipes de resgate.
Diante da tragédia, a junta militar, que governa o país desde o golpe de Estado em 2021, decretou estado de emergência em seis regiões, incluindo áreas críticas como Sagaing e a própria capital.
Em um gesto incomum, o regime birmanês — conhecido por seu controle rígido sobre a mídia e as comunicações — pediu ajuda internacional, solicitando doações e suprimentos médicos. A resposta foi imediata: China e Rússia, principais aliados políticos e fornecedores de armas do governo, lideraram os esforços. Pequim enviou 135 equipes de resgate, além de medicamentos e geradores, comprometendo US$ 14 milhões em assistência. Moscou despachou 120 profissionais de saúde e socorristas.
A tragédia evidenciou a vulnerabilidade de um país onde 40% da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial. A ONU liberou US$ 5 milhões de seu fundo emergencial, enquanto Estados Unidos, União Europeia e países asiáticos como Índia e Coreia do Sul organizaram o envio de suprimentos. Um comboio terrestre com 17 caminhões de ajuda partiu da China e deve chegar ainda hoje.
Enquanto isso, tremores secundários e a infraestrutura colapsada dificultam as operações de resgate, já comprometidas pelos conflitos internos. O terremoto também atingiu a Tailândia, onde foram registradas 18 mortes, e a China, mas foi em Mianmar — onde a junta militar enfrenta resistência armada de grupos étnicos — que a tragédia assumiu proporções catastróficas, expondo uma crise dentro da crise.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a organização está "totalmente mobilizada", mas o caminho para a reconstrução será longo. Em um país onde até mesmo pedir ajuda externa é um ato excepcional, a catástrofe revela não apenas a devastação causada pelo desastre natural, mas também os desafios impostos por um regime fechado ao mundo.
Com informações do Portal Meio Norte.
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