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Política Mito dos Cartões SUS

O Fato e a Opinião! O mito dos cartões SUS em Barreiras e a falácia usada para justificar a crise na saúde pública local

Barreiras não atende de graça - é pactuada e recebe para atender dos pacientes do oeste baiano.

04/05/2025 11h48 Atualizada há 1 semana
Por: F. Silva Fonte: Da Redação do 40 Graus
O Fato e a Opinião! O mito dos cartões SUS em Barreiras e a falácia usada para justificar a crise na saúde pública local

Uma narrativa recorrente na política local de Barreiras, Bahia, tem alimentado o imaginário popular: a de que o município possui mais cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) do que habitantes. A afirmação, reproduzida por alguns membros da administração municipal e até mesmo por alguns vereadores, sustenta que esse suposto excesso seria o principal motivo para a precariedade dos serviços de saúde na cidade.

No entanto, especialistas, técnicos do setor e representantes do governo estadual apontam que essa tese não passa de uma falácia cristalizada — uma forma de terceirizar responsabilidades e mascarar falhas da gestão municipal.

Barreiras, de fato, é polo regional de saúde e atende pacientes não apenas do próprio município, mas também de diversas cidades do oeste baiano com as quais mantém pactuações.

Esses acordos intermunicipais são formalizados para que Barreiras receba repasses financeiros — oriundos tanto dos municípios pactuados quanto do Estado — para prestar serviços à população regional. Como destacou o representante do Governo da Bahia em recente audiência pública na Câmara de Vereadores, “Barreiras não atende porque é boazinha, mas porque é paga para isso”.

A fala do representante estadual, Juca Galvão, desmistifica a ideia de que Barreiras age por altruísmo ao acolher pacientes de fora. Segundo ele, a responsabilidade da saúde pública é tripartite: o município responde pela atenção primária (postos de saúde, campanhas preventivas, acompanhamento básico), enquanto o Estado assume a média e alta complexidade, como cirurgias especializadas, atendimento oncológico e emergências de grande porte.

Nesse contexto, estruturas como o Hospital do Oeste (HO), a Policlínica Regional, a UNACON (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia) e até mesmo as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), como a de Barreiras, são construídas e mantidas com recursos do Governo da Bahia, ainda que muitas vezes operem em parceria com os municípios.

Galvão foi enfático ao afirmar que o Estado investe pesado na saúde de Barreiras. O Hospital do Oeste, por exemplo, é o maior da região e referência em diversas especialidades, funcionando com gestão estadual e atendendo à população de dezenas de cidades vizinhas.

Portanto, ao contrário da narrativa propagada por setores da gestão local, o desafio da saúde pública em Barreiras não está em um suposto excesso de usuários ou na “generosidade” do município em acolher pacientes de fora.

O problema central está na má gestão da atenção primária e na dificuldade de planejar e executar políticas públicas de forma integrada, eficaz e transparente.

A desconstrução desse mito é fundamental para que o debate sobre saúde em Barreiras avance para um patamar mais honesto, técnico e voltado à solução dos reais problemas enfrentados pela população.

Transferir a culpa para o “outro” — seja o Estado, seja o número de cartões do SUS — não melhora o atendimento, nem resolve a superlotação dos postos e hospitais. Reconhecer a complexidade do sistema e agir com responsabilidade, sim.

Com informações da Rede Câmara.

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