O setor citrícola brasileiro vive um momento desafiador. Apesar da valorização do suco de laranja no mercado internacional, os produtores brasileiros enfrentam queda nos preços pagos pela indústria, além de dificuldades causadas por uma das piores safras das últimas décadas e novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, principal destino das exportações do produto.
Em abril, o preço do suco de laranja congelado concentrado (FCOJ) registrou forte volatilidade na Bolsa de Nova York. Após cair para US$ 211,90 por libra-peso no dia 7, o valor disparou para US$ 293,50/lb em 14 de abril — um salto de 40% em apenas sete dias e de 14,3% em 30 dias. A alta foi impulsionada pela divulgação da Fundecitrus, que confirmou uma safra brasileira muito abaixo das expectativas, e pela prorrogação de 90 dias nas tarifas aplicadas pelos EUA a parceiros comerciais.
Apesar da valorização externa, os preços pagos aos produtores brasileiros para laranja destinada à indústria registraram queda. Segundo o Cepea, o valor caiu para R$ 52,75 por caixa, uma redução de 19% em 30 dias — o menor patamar desde março de 2024.
A produção da safra 2024/25 foi fortemente prejudicada por fatores climáticos adversos e pela incidência do greening, doença que compromete a qualidade dos frutos. De acordo com a Fundecitrus, a colheita totalizou 230,9 milhões de caixas, 25% inferior à do ciclo anterior e a menor desde 1988.
O calor excessivo e as chuvas abaixo da média entre maio e agosto de 2024 impactaram o desenvolvimento dos frutos, que chegaram menores ao mercado, com colheita antecipada pela maturação acelerada em meio ao período seco.
Apesar do cenário atual, a expectativa para a próxima safra é positiva. O novo levantamento da Fundecitrus, que será divulgado em 9 de maio, deve indicar recuperação na produção, impulsionada pelas boas chuvas registradas em dezembro de 2024.
Outro desafio surgiu com o anúncio do governo dos EUA de uma nova tarifa de 10% sobre produtos brasileiros, incluindo o suco de laranja. A medida se soma à tarifa já existente de US$ 415 por tonelada exportada, o que deve elevar ainda mais os custos de exportação para o maior mercado do suco brasileiro.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), apenas 10% do suco de laranja consumido no país é produzido internamente. Em 2024, 71% das importações vieram do Brasil e 24% do México — que não enfrenta a mesma taxação. Com isso, o suco brasileiro pode perder competitividade frente ao produto mexicano, ainda mais em um cenário de queda na demanda americana e possível repasse de preços ao consumidor final.
De julho de 2024 a março de 2025, o Brasil exportou cerca de 249 mil toneladas de suco para os EUA, a um preço médio de US$ 4.398,3 por tonelada. No período, o valor pago em tarifas somou US$ 103,4 milhões. Se os volumes e preços se mantiverem, esse montante pode ultrapassar os US$ 213 milhões até o fim do ciclo — cerca de R$ 1,3 bilhão, considerando o câmbio médio de R$ 5,89.
Diante do cenário, especialistas recomendam a diversificação de mercados como alternativa. A União Europeia, que já representa 51% das exportações brasileiras (somando Bélgica e Holanda), pode absorver parte da demanda. Além disso, mercados como China e Japão surgem como potenciais destinos a serem explorados para mitigar as perdas com as novas tarifas americanas.
Com informações do Portal do agronegócio.
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