A Polícia Federal (PF) obteve áudios que indicam discussões entre militares sobre a execução de uma tentativa de golpe antes do dia 12 de dezembro de 2022, data da diplomação da chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram acessadas mais de 52 gravações trocadas entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o general Mario Fernandes, ex-assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu. Em um dos áudios, Mauro Cid afirma que o então presidente Jair Bolsonaro precisava tomar uma decisão antes da diplomação de Lula.
Na gravação, Cid declara que discutiria o assunto com Bolsonaro: "Ele tem essa personalidade às vezes. Ele espera, espera, pra ver até onde vai. E o tempo está curto, né? Não dá para esperar muito mais passar, teria que ser antes do dia 12".
Embora a tentativa de golpe não tenha ocorrido antes da diplomação, a data foi citada como um marco em eventos extremistas que precederam os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Naquele dia, bolsonaristas incendiaram um ônibus em frente à sede da PF, em Brasília.
Ainda nas conversas interceptadas, o general Mario Fernandes mencionou uma discussão com Bolsonaro sobre a diplomação: "Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo...". Fernandes também afirmou que Bolsonaro teria indicado que a diplomação não seria um impeditivo e que "qualquer ação" poderia ocorrer até 31 de dezembro.
As investigações sobre as tentativas de golpe e seus desdobramentos continuam em análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes deve enviar, nos próximos dias, um relatório sobre o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR).
As revelações reforçam a análise de que grupos alinhados ao governo Bolsonaro discutiram medidas extremas para impedir a posse de Lula.
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