A presença de bandeiras dos Estados Unidos e de Israel em manifestações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no feriado da Independência do Brasil (7 de setembro), extrapolou o registro factual e ganhou contornos políticos nesta segunda-feira (8). O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reagiu de forma contundente ao episódio, interpretando-o como um sinal claro de alinhamento ideológico e de distanciamento em relação à identidade nacional.
Em São Paulo, uma bandeira gigante dos EUA se destacou na Avenida Paulista. Situações semelhantes foram registradas em Brasília e Salvador, onde símbolos norte-americanos dividiram espaço com os nacionais. A cena reforçou a estratégia de parte da militância bolsonarista em se associar a valores ligados ao conservadorismo internacional, em especial às gestões republicanas dos EUA e à política externa de Israel.
No X (antigo Twitter), Rui Costa afirmou que o 7 de setembro deve ser um momento de afirmação do Brasil e considerou “inédito” que políticos e apoiadores ergam bandeiras estrangeiras em uma data tão simbólica. Para o ministro, a cena expõe de que lado cada grupo político está e reforça a ideia de que Bolsonaro instrumentaliza o patriotismo para fins particulares:
“Está evidente quem sempre esteve ao lado do povo brasileiro e quem usou — e ainda usa — a bandeira do Brasil apenas para defender interesses próprios e causas que não representam a maioria da população”, escreveu.
O episódio revela um choque de símbolos: de um lado, o governo Lula tenta resgatar o 7 de setembro como data cívica nacional, descolando-o da apropriação política feita nos últimos anos pelo bolsonarismo. De outro, os apoiadores do ex-presidente reafirmam vínculos com pautas transnacionais — como o trumpismo e o apoio incondicional a Israel — para reforçar sua identidade ideológica.
Nesse embate, a disputa não é apenas sobre quem representa melhor a nação, mas sobre qual projeto de país se afirma como legítimo no imaginário popular: um Brasil conectado ao campo progressista e soberano, ou um Brasil alinhado às bandeiras conservadoras globais.
Fonte: Bnews.
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