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Polícia STF

Depoimento ao STF revela que cúpula da PRF ordenou bloqueios direcionados a eleitores de Lula no Nordeste durante o segundo turno de 2022 para favorecer Bolsonaro

Uso da máquina federal para favorecer Bolsonaro nas eleições de 2022 é exposto em depoimento ao STF; PRF recebeu ordem para dificultar voto no Nordeste, diz ex-coordenador de inteligência

19/05/2025 18h39
Por: F. Silva Fonte: Portal Metro1
Depoimento ao STF revela que cúpula da PRF ordenou bloqueios direcionados a eleitores de Lula no Nordeste durante o segundo turno de 2022 para favorecer Bolsonaro

Em depoimento prestado nesta segunda-feira (19), ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, afirmou ter recebido uma ordem direta do então diretor de operações da corporação, Djairlon Henrique Moura, para intensificar as fiscalizações de ônibus e vans durante o segundo turno das eleições de 2022.

Segundo Adiel, a determinação partiu da cúpula da PRF e visava especificamente veículos com origem em Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que tivessem como destino os estados do Nordeste — região onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT, possuía forte apoio eleitoral.

De acordo com o depoimento, durante reunião interna, Moura teria afirmado que “estava na hora da PRF tomar um lado”, repassando uma orientação que, segundo ele, teria vindo do então diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques — que já é réu em uma ação penal que investiga o uso da PRF para interferir no processo eleitoral.

A audiência foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes e integra uma ação penal que apura a tentativa de manutenção do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a sua derrota nas urnas.

O caso investiga o uso da estrutura da PRF e do Ministério da Justiça para dificultar o acesso de eleitores de Lula às urnas. Ao todo, Bolsonaro e outras 33 pessoas são investigadas.

Adiel relatou que chegou a questionar a razão das abordagens mirarem apenas veículos com destino ao Nordeste e ouviu como justificativa uma suposta “alta incidência de acidentes” nesse fluxo. No entanto, segundo ele, a explicação não o convenceu. “Transpareci que achei estranha aquela ordem, e então ele falou mais ou menos o seguinte: ‘Tem coisas que são e tem coisas que parecem ser. Está na hora da PRF tomar um lado. A gente tem que fazer jus das funções de direção’”, contou.

O ex-coordenador disse ainda que a ordem foi reiterada no dia seguinte, durante uma nova reunião com diretores de inteligência estaduais. Nessa ocasião, o então diretor de inteligência, inspetor Reischak, reforçou a orientação para os Ceints (chefes de serviços de inteligência dos estados). “Ele pegou esse pedido de apoio da diretoria de operações e repassou para as unidades regionais de inteligência”, completou Adiel.

A declaração de Adiel Pereira Alcântara reforça as suspeitas de uso político da PRF durante as eleições e deve ser incorporada às investigações conduzidas pelo STF.

Fonte: Portal Metro1.

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