O mercado de algodão atravessa um momento de contrastes. Enquanto os preços internacionais recuam, o mercado interno brasileiro registra valorização. De acordo com o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, a cotação da pluma em Nova Iorque apresentou queda significativa, ao passo que, no Brasil, os preços foram impulsionados pela entressafra e pelo aumento nos prêmios de exportação.
Em março de 2024, o algodão registrou queda de 1% na bolsa de Nova Iorque (NYBOT), seguida por um recuo adicional de 0,5% na primeira quinzena de abril, atingindo USD 65,5 cents por libra-peso. A retração reflete um mercado global mais abastecido e a crescente incerteza econômica gerada por tensões comerciais e temores de recessão global. Estados Unidos e China, dois dos principais players do setor – como maior consumidor e maior importador, respectivamente – estão entre os mais afetados.
Apesar do cenário externo adverso, o mercado interno brasileiro apresentou valorização. Em março, os preços subiram 2%, e na primeira metade de abril, houve novo avanço de 0,7%, com a cotação chegando a R$ 4,01/lb em Rondonópolis (MT). O prêmio de exportação também reagiu positivamente, alcançando USDC 4/lb em março, frente ao patamar negativo de USDC -14/lb registrado no mesmo mês de 2023.
A produção brasileira de algodão deve atingir novo recorde na safra 2024/25. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima suas estimativas, projetando um crescimento de 1,8% na produção, totalizando 3,9 milhões de toneladas – um aumento de 5,1% em relação à safra anterior.
As exportações também devem alcançar níveis históricos, com expectativa de 3 milhões de toneladas embarcadas, um crescimento de 7% em comparação à temporada passada. Até o momento, o Brasil já exportou 2,2 milhões de toneladas, 13,9% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
No cenário global, a China projeta uma produção de 7 milhões de toneladas de algodão para a safra 2024/25 – o maior volume em mais de uma década e um salto de 17% em relação à safra anterior. Com isso, o país asiático deverá produzir mais de 25% do algodão mundial, reduzindo sua dependência externa. A previsão é de que as importações chinesas caiam de 3,3 para 1,4 milhão de toneladas.
Nos Estados Unidos, a área plantada de algodão deve recuar 11% na safra 2025/26, o equivalente a 500 mil hectares. A seca severa no Texas, estado responsável por 30% da produção nacional, e a concorrência com culturas como o milho estão entre os principais motivos. Soma-se a isso a guerra comercial com a China, que impôs tarifas de 125% sobre o algodão norte-americano, reduzindo sua competitividade no mercado internacional.
Esse cenário abre espaço para que o Brasil amplie sua participação nas exportações globais, assumindo parte da fatia antes ocupada pelos norte-americanos.
Apesar do desempenho promissor do Brasil, o setor ainda enfrenta riscos. A possibilidade de uma recessão global segue como fator de alerta, dado o forte vínculo entre os preços do algodão e a atividade econômica mundial. Uma retração no consumo global pode impactar negativamente os preços, mesmo diante de uma produção robusta.
Ainda assim, o relatório da Itaú BBA conclui que o Brasil se consolida como um fornecedor resiliente e competitivo, com boas perspectivas para a safra atual e espaço para ganhos adicionais no mercado internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio.
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