O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (9), durante a inauguração da Fábrica da BYD, em Camaçari (BA), que o conflito comercial e diplomático entre Brasil e Estados Unidos “será resolvido”. A declaração veio após uma suposta conversa telefônica de meia hora com o ex-presidente americano Donald Trump — o mesmo que impôs tarifas e sanções ao Brasil e que, até outro dia, chamava o governo petista de “ameaça à liberdade”.
“Eu tive uma conversa com o presidente Trump segunda-feira. Meia hora no telefone e, eu acho que também o nosso problema com os Estados Unidos será resolvido”, disse Lula, em tom confiante.
Segundo o petista, o Brasil busca manter uma relação harmoniosa com todos os países, dentro do espírito do multilateralismo e da “verdade”. Lula destacou que não aceitou “imposições baseadas em mentiras” vindas de Washington — mas agora parece disposto a conversar com o próprio autor das antigas imposições.
Durante o discurso, o presidente reforçou a soberania nacional, misturando diplomacia com geografia:
“Esse ato aqui é a demonstração de que nós estamos criando uma pátria soberana. Um país que tem a maior reserva florestal do mundo, que tem 12% da água doce do planeta, 16.800 quilômetros de fronteira seca e 8.500 de fronteira marítima”, enumerou Lula, sem mencionar como esses números resolveriam as tarifas americanas.
A reaproximação entre Lula e Trump teria começado, curiosamente, na Assembleia Geral da ONU, quando o norte-americano afirmou que “rolou uma química” entre ambos — expressão que, para alguns analistas, descreve mais um experimento diplomático do que uma relação de confiança.
A tensão entre os dois países se agravou durante as investigações contra Jair Bolsonaro (PL), condenado no inquérito da Trama Golpista. Trump classificou o processo como uma “caça às bruxas” e, ao anunciar as tarifas de 50% contra o Brasil, usou o ex-presidente como justificativa.
Como se não bastasse, o governo norte-americano impôs sanções a autoridades brasileiras, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky — um detalhe que Lula preferiu não comentar durante seu discurso sobre amizade e soberania.
No fim, entre elogios à pátria e telefonemas com ex-presidentes, o Itamaraty tenta decifrar o que, de fato, está sendo resolvido: se o conflito diplomático, a coerência da política externa — ou apenas a paciência do contribuinte brasileiro.
Fonte: Portal BNews.