O ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi afirmou, em depoimento à CPMI do INSS, que o governo já monitorava denúncias de irregularidades em aposentadorias desde 2023, por meio da ouvidoria e da plataforma Meu INSS. Segundo ele, no entanto, a real dimensão do esquema só foi conhecida após a investigação da Polícia Federal (PF).
Lupi garantiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só foi informado sobre as fraudes no dia da operação conjunta da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Durante a oitiva, o ex-ministro reconheceu falhas na atuação do INSS e admitiu que a instrução normativa de 2024, criada para regular descontos associativos, “não teve o efeito esperado”. Ele também defendeu a revisão do modelo de crédito consignado e criticou as atuais formas de retenção em benefícios previdenciários.
“Nunca tive má-fé, nem envolvimento com essas irregularidades”, disse Lupi, que deixou o cargo em 2025 após a eclosão do escândalo.
A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela PF e CGU, revelou um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. A estimativa é de que R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados entre 2019 e 2024.
Mais de 4 milhões de beneficiários afirmaram não ter autorizado os débitos, e cerca de 2 milhões já aderiram ao acordo de ressarcimento.
Na comissão, foi lembrado que investigações anteriores da PF sobre fraudes na Previdência, em 2016 e 2020, foram arquivadas.
O deputado Paulo Pimenta (PT) tentou suspender a participação do senador Rogério Marinho (PL) na CPMI, mas o pedido foi rejeitado.
A comissão também aprovou a convocação de ex-ministros da Previdência, ex-presidentes do INSS e empresários suspeitos de operar o esquema fraudulento.
Com informações do Metro1.