A defesa de Jair Bolsonaro (PL), apelou nesta quarta-feira (3), às condições físicas do ex-presidente para tentar atenuar a pena dele no julgamento por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2023.
O advogado Paulo Cunha Bueno afirmou que o líder do PL tem “uma saúde extremamente fragilizada” e recebeu recomendações médicas para permanecer em repouso. Segundo ele, o prolongado julgamento exigiria um esforço que Bolsonaro não poderia suportar.
A argumentação, no entanto, contrasta com o discurso do próprio ex-presidente, que ao longo dos últimos anos dizia possuir “histórico de atleta”, e não falava, vociferava, mas agora alega problemas de saúde para minimizar a pena. Agora, diante da iminência de uma condenação, a narrativa de fragilidade surge como estratégia de vitimização política e jurídica.
Durante a sessão, Bueno também sustentou que Bolsonaro nunca deu início a qualquer protocolo para decretar estado de defesa ou de sítio após a derrota para Lula em 2022. Segundo ele, não existe documento que aponte essa intenção.
Outro advogado de Bolsonaro, Celso Sanchez Vilardi, alegou cerceamento de defesa. Ele disse não ter tido acesso integral às provas nem tempo suficiente para analisá-las, destacando que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal dispuseram de mais prazo para examinar o material.
Vilardi também questionou a credibilidade do delator Mauro Cid, afirmando que ele apresentou versões contraditórias, inclusive sobre um perfil falso no Instagram vinculado ao seu e-mail. Para o advogado, a inconsistência dos depoimentos compromete a delação.
Em sua argumentação final, a defesa ressaltou que Bolsonaro determinou a transição de governo e orientou que o novo ministro da Defesa fosse recebido, o que demonstraria, em sua visão, disposição para assegurar a transmissão do cargo.
Por fim, Vilardi afirmou que não houve tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, já que não se configuraram violência ou grave ameaça — requisitos previstos no Código Penal para tal crime.
Da Redação do 40 Graus.