Nos últimos dias de 2024, a China iniciou uma investigação sobre a importação de carnes brasileiras, com o intuito de avaliar se os volumes importados estariam contribuindo para uma oferta excessiva de carne no mercado local, o que poderia impactar as vendas das indústrias chinesas. A análise foi detalhada por José Carlos de Lima Júnior, Cofundador e Professor da Harven Agribusiness School, que destacou que o objetivo principal da investigação é entender se a carne brasileira tem sido responsável por uma queda nas vendas das indústrias de carne da China.
Lima Júnior esclareceu que a investigação é uma tentativa de explicar a situação do mercado interno, onde a carne brasileira poderia ser um dos fatores associados à diminuição nas vendas da indústria chinesa. "Essa é apenas mais uma frente de análise, tentando entender o que acontece no mercado local", afirmou o especialista.
A China tem enfrentado uma série de desafios econômicos nos últimos anos. Desde abril de 2023, o país reduziu o uso de farelo de soja na nutrição animal de 14,5% para 13%, uma medida para diminuir a dependência das importações de soja. Além disso, em janeiro de 2024, foi recomendada a redução do plantel de suínos, visando controlar a oferta e evitar quedas nos preços internos da carne. No entanto, essas ações não geraram os resultados esperados, o que motivou o governo chinês a investigar os possíveis impactos das importações, incluindo a carne bovina brasileira.
A China enfrenta uma deflação persistente, agravada pela baixa demanda interna pós-pandemia. Neste contexto, a investigação sobre a carne brasileira surge como uma tentativa de proteger a indústria local, mas pode também abrir caminho para a análise de outros produtos agrícolas importados do Brasil.
De acordo com Lima Júnior, as investigações não se restringem apenas à carne bovina e podem se expandir para outros produtos agrícolas do Brasil, como parte dos esforços da China para mitigar os efeitos da crise econômica interna sem recorrer a confrontos comerciais diretos, como os vividos durante o governo de Donald Trump. “É possível que investigações como essa, que buscam explicações externas para problemas estruturais internos, se estendam a outros produtos do agronegócio brasileiro. Talvez seja uma questão de tempo”, concluiu o especialista.
Esse movimento estratégico da China reflete uma tentativa de equilibrar as pressões internas e externas, ao mesmo tempo em que mantém sua indústria protegida, sem abrir mão de seus compromissos comerciais.
Fonte: Portal do Agronegócio.
Mín. 19° Máx. 30°
Mín. 20° Máx. 30°
Chuvas esparsasMín. 20° Máx. 30°
Chuvas esparsas